Na era digital, não faltam dados. O que falta é liderança capaz de dar sentido a eles. Vivemos um tempo em que informações circulam em abundância: segundo a IDC, em 2025 o mundo vai ultrapassar a marca de 181 zettabytes gerados por ano, um volume quase inimaginável. Mas, como sempre acontece em momentos de excesso, o valor não está na quantidade, mas na habilidade de transformar essa avalanche em decisões que realmente movem o ponteiro do negócio.
O paradoxo é evidente: 97% das empresas afirmam investir em dados, mas apenas 40% conseguem extrair valor estratégico consistente dessas iniciativas, segundo com a Demandsage. Ou seja, quase todas têm acesso à informação, mas poucas conseguem transformar informação em vantagem competitiva. O problema não está na tecnologia em si, mas em como ela é usada e aqui entra a figura do líder.
O mercado global de big data analytics deve chegar a US$ 348 bilhões em 2025 e quase triplicar até 2032, alcançando US$ 924 bilhões, de acordo com o mesmo estudo acima. Esses números impressionam, mas também denunciam uma armadilha, como investir em dados sem clareza de propósito. Relatórios bonitos, dashboards sofisticados e sistemas caríssimos não dizem nada se não houver quem consiga ligar os pontos, traduzir sinais e direcionar decisões.
É aqui que se revela a nova face da liderança. Um líder contemporâneo não é apenas aquele que administra recursos ou motiva equipes, é quem orquestra tecnologia, estratégia e cultura para transformar informação em valor. Ele sabe que não basta perguntar “o que os dados mostram?”, mas sim “como essa informação pode mudar o futuro do negócio?”.
Estudos da McKinsey reforçam a diferença desse tipo de postura. Empresas consideradas líderes digitais no Brasil atingem EBITDA até três vezes maior do que suas concorrentes menos maduras. Isso mostra que o impacto não é intangível ou abstrato, é financeiro, mensurável e direto.
O verdadeiro diferencial está em usar dados não como um espelho retrovisor, mas como um radar estratégico. A informação só se torna valiosa quando antecipa riscos, identifica oportunidades invisíveis e aponta caminhos que, sem ela, ficariam na penumbra.
O líder que entende isso não vê tecnologia como fim em si mesma, mas como extensão da inteligência humana. Ele sabe que a cultura de dados não se impõe por decreto, mas se constrói no cotidiano, na confiança de equipes para interpretar números, na curiosidade em buscar padrões, na ousadia de tomar decisões baseadas em evidências e não em achismos.
No fim das contas, transformar informação em valor é uma arte que mistura ciência e visão. Ciência para estruturar dados, garantir qualidade e usar ferramentas de inteligência artificial que aceleram o processo. Visão para traduzir esse insumo em estratégia clara, em decisão certeira, em vantagem competitiva real.
E é justamente isso que diferencia líderes de gestores. Enquanto muitos se perdem na superfície dos números, líderes de verdade sabem que a informação só tem sentido quando gera movimento. São eles que conseguem transformar bytes em impacto, relatórios em resultados e dados em futuro.
Por Alessandra Montini, Diretora da FIA Labdata.